O prefeito

 

Publicado em: 08/03/2012 16:10 | Autor: Departamento de Comunicação / Prefeitura de Jacarezinho

Homenagem da prefeita Tina Toneti às mulheres


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A todo momento defrontamo-nos com histórias que nos fazem confirmar uma certeza: a força avassaladora, capaz de mover montanhas e mudar o mundo, que cada mulher traz dentro de si.

Mulheres simples e anônimas, mulheres famosas e inspiradoras, escritoras ou analfabetas, todas são gigantes quando se vêem diante de um drama ou de um sonho a realizar.

Diante de uma tragédia, então, é aí que se conhece o que é força interior.

Porque não raro as mulheres estão à frente da reconstrução de vidas, de casas, de cidades inteiras destruídas.

E a gente sempre acredita: elas vão conseguir. Sabe por quê? Porque são mulheres. E são fortes.

Já nos acostumamos a ler, ouvir ou falar, no mês de março, em nome das mulheres ou para as mulheres, emocionantes ou breves discursos, tratando de suas expectativas, de suas esperanças, do que desejam, do que pretendem nossas mulheres - jovens, velhas, brancas, negras, ricas ou pobres - que lutam diariamente contra formas de violência diversas (explícitas ou não), contra uma opressão silenciosa, que as impede de realizar seus sonhos...

Conheci, ao longo dos meus 33 anos de vida, mulheres fantásticas, que me ensinaram muito e me sensibilizaram para a condição feminina.

A primeira delas foi minha mãe. Professora de classe multisseriada da zona rural, enfrentou com garra e coragem o desafio de criar dois filhos no sítio e teimar em prosseguir os estudos, em cima de uma moto, numa kombi ou no caminhão de verduras do marido feirante.

Contra tudo e contra todos, desafiando preconceitos até de professoras, fez da sua vida um exemplo de disposição, não só para os filhos, mas para os alunos e as vizinhas que a observavam, algumas com certo olhar incrédulo.

Lembro até hoje da sua luta no dia-a-dia do trabalho, incentivando os filhos e os alunos a lutarem por seus direitos.

Ainda em exercício no Magistério Público Municipal, hoje é Pedagoga e Pós-Graduada.

A segunda é a Dra. Zilda Arns, brasileira excepcional, que deu a todas nós um enorme exemplo de força. Sua fé inabalável, mais que na religião, estava no ser humano.

Ao criar a Pastoral da Criança, a Dra. Zilda sabia que a solidariedade transformada em ação é a única que traz resultados. E confiou em que uma rede de mulheres fortes seria a sua maior aliada nessa missão.

Formada em Medicina e com especializações em Educação Física e Pediatria, iniciou sua vida pública no Paraná em 1980 e criou a Pastoral da Criança em 1983, a pedido da CNBB.

Depois de trabalhar em outras instituições, reforçou seus laços com os jovens e com a Igreja - graças ao não menos extraordinário irmão cardeal, D. Paulo Evaristo Arns, ícone da luta contra o Regime Militar (1964-1985) e desde o início um dos maiores advogados das ações da Pastoral.

Morreu em 2010, aos 75 anos de idade, minutos depois de fazer uma palestra diante de 150 religiosos no Haiti, durante a qual ensinou, com suavidade: "Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los."

Minha terceira referencia é a nossa Presidenta Dilma Roussef - filha de engenheiro e de professora, estudante de colégios tradicionais, aos 16 anos transferiu-se para a escola pública e começou a militar em organização de esquerda, formada por estudantes simpáticos ao pensamento de Rosa Luxemburgo e Leon Trotski.

Depois, já na Faculdade, Dilma passou a militar nos movimentos que atuavam contra a ditadura iniciada com o Golpe de 1964.

Viveu na clandestinidade, foi presa e torturada.

Mudou-se para Porto Alegre, onde se formou no curso de Ciências Econômicas, na Universidade Federal do RS.

Filiou-se ao PDT de Leonel Brizola depois que o governo militar concedeu anistia política a todos os envolvidos nos anos duros da ditadura e ocupou importantes cargos no RS.

Então, em 2001 filiou-se ao PT e acabou tornando-se responsável pelo programa de Energia do governo do presidente Lula, do qual foi ministra das Minas e Energia e Ministra-Chefe da Casa Civil.

Era guerrilheira na década de 1970 e 40 anos depois, a candidata do PT à presidência da República.

Ao deixar o cargo na Casa Civil da Presidência, disse, publicamente, ao Presidente Lula:

"Com o senhor nós vencemos. Vencemos a miséria, a pobreza ou parte dela, vencemos a submissão, a estagnação, o pessimismo, o conformismo e a indignidade".

Venceu as eleições presidenciais de 2010, no segundo turno, tornando-se a primeira mulher na presidência da República Federativa do Brasil.

Ao tomar posse, no dia 1º de janeiro de 2011, discursando no Congresso Nacional, Dilma afirmou:

"Meu compromisso supremo [...] é honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos! [...] A luta mais obstinada do meu governo será pela erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos."

Até hoje não se desviou daquele compromisso.

São exemplos que "seguram" a gente. Porque ser mulher e convencer os homens de que é possível mudar as coisas e alterar o rumo da história é muito difícil.

Garanto a vocês: na política é possível aprender e sensibilizar-se com as histórias das pessoas em geral e das mulheres, em particular.

Foi nesse meio que eu conheci os políticos e entre eles algumas mulheres fantásticas, dispostas a lutar pelo bem comum e por melhores condições de vida para todas as pessoas.

Foi no meio político que conheci Gleise Hoffmann, Marta Suplici, Dilma Rousseff e tantas outras.

Não devemos nos esquecer de que as motivações para a determinação desta data - 08 de março - partiram das mulheres que acreditavam que a transformação do mundo passava pelo reconhecimento do direito político das mulheres. O direito de votar e de ser votada.

Apenas às vésperas dos cem anos dessas mobilizações, começamos a conquistar postos de comando na política. Há exatos 79 anos as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto.

A luta feminista se diversificou. Hoje lutamos também pelo fim da violência de todas as formas. Pelo fim da criminalização do aborto. Pelo fim da discriminação contra homossexuais. Pelo direito à concepção, ao acompanhamento e ao parto humanizado.

Lutamos também pela igualdade dos salários e pelo incentivo à ascensão aos postos de comando. Mesmo que hoje as condições de vida das mulheres brasileiras sejam incomparavelmente melhores, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir igualdade entre nós e os homens.

Eu penso, como diz Frei Betto em uma de suas Cartas da Prisão que "o anseio de justiça torna homens e mulheres cúmplices na construção da paz, porque se a gente tem de fato uma atitude de serviço e disponibilidade perante as pessoas e as dificuldades, então tudo dá certo. Porque o mal é só querer ensinar, achando que nada tem a aprender"!

Grande abraço e beijo carinhoso para cada uma.

Tina Toneti